sexta-feira, 24 de junho de 2011

As noites da minha infância, no quintal lá de casa, eram feitas também da presença de vaga-lumes, principalmente quando faltava luz e as lâmpadas mudas dos postes da rua colaboravam para torná-los ainda mais nítidos. Eu achava aquilo tão mágico que toda vez que apareciam os meus olhos faiscavam de alegria e curiosidade como se fosse a primeira em que eu apreciava.

Não foram poucas as noites, confesso, em que tentei segurar um deles, doida para saber de perto do que eram feitos. Tantas tentativas, um dia eu consegui: só vi um vaga-lume sem luz, ainda que vaga, morto, na minha mão. Eu fiquei frustradíssima e envergonhada pelo meu gesto, nunca mais tentei prender nenhum. Passei a apreciá-los sem querer desvendar-lhes o mistério. Eram belos e eu não precisava prendê-los para admirá-los e levá-los comigo.

Geralmente, as belezas só acontecem, só dizem, só luzem, só florescem, com liberdade. Tentar prendê-las é amordaçar sua mágica.
Ana Jácomo

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